16 junho, 2006

« Swimming Pool » - François Ozon

Quando vi este filme extasiei. Na altura visitava frequentemente um site sobre cinema, onde, às vezes escrevia a minha opinião sobre alguns filmes que via. Hoje, fui recordar algumas coisas que escrevi, e descobri a "minha crítica" a este filme - tinha então 19 anos. Resolvi transcrevê-la para aqui:

3 de Dezembro, 12:41:36, 2003

Fui ver o filme nas circunstâncias da última pessoa a escrever a crítica (Marta Aguilar)** e tive as mesmas dúvidas e pensamentos ao longo do filme. Porém, tirei as minhas próprias conclusões e até estou disposta a ir ver o filme mais uma vez (nunca vi nenhum filme no cinema mais do que uma vez), visto este filme ter-me mesmo fascinado. A fotografia, edição de imagem e os cenários escolhidos para o filme são excelentes. De ínicio parece uma película simples, mas o argumento povoa-nos a mente de uma maneira, que entramos no filme como se estivessemos a vivê-lo intensamente. Está povoado de contrastes: a diferença de idades entre a escritora e Julie; a calma e a paz do local difere das noites (e às vezes dias) agitados dentro da casa; o temperamento da inglesa mais discreto e sério e o temperamento sensual e terno da francesa; a "pobreza" do local e a "riqueza" da vida na casa. Penso que são sobretudo estes grandes contrastes, e a forma como são tratados e aproximados ao longo do filme, que criam a qualidade do argumento... os pormenores, a vivência das duas e o ínicio de uma ligação de respeito e afecto vão despertando no espectador grande interesse. Percebe-se que Julie, com grandes carências afectivas familiares, refugiou-se num mundo sexual exacerbado e obscuro, assim como nos prazeres e "pecados" intensos da vida: além do sexo, o alcóol e "drogas". Constatou-se também que Sarah, apesar da sua meia idade, o seu aspecto mais sereno, rígido e sério, conseguiu libertar-se ligeiramente ao conviver mais com Julie e entregou-se também um pouco àqueles prazeres, tornando-se mais terna e aberta. Destacam-se as GRANDES interpretações de Charlotte Rampling e de Ludivine Sagnier. Também destaco o final do filme, que a meu ver está perfeito: a última conversa da escritora com John e os pensamentos e recapitulções na cabeça se Sarah em relação a Julie e á filha inglesa do editor, Julia que ela vê ao partir. Sem dúvida um filme que me marcou e vou ver se compro em dvd. ( de 0 a 10 dou - 9! )

** - As circunstâncias a que me refiro, diziam respeito à frase que foi escrita numa crítica anterior à minha: "Sou grande fã de cinema e sou daquelas que vai ao cinema sozinha ver os filmes que realmente gosto".